Por Carlos Roberto Husek, professor de Direito Internacional
da PUC/SP e um dos coordenadores da ODIP – Oficina de Direito internacional
Público e Privado
É estarrecedor!
Quem pagou os radicais para irem de todos os cantos da
República para Brasília, com a única finalidade de invadir o Congresso, o
Executivo e o Judiciário, quebrando, depredando, roubando; raivosos como bando
de trogloditas furiosos, comandados por vozes interiores, tomados por pelos
espíritos das trevas, dançando sobre os símbolos da Democracia, enrolados em
bandeiras, como se fossem donos do Brasil?
Quem financiou tudo isto? Porque, aquele que trabalha e
estuda e necessita pagar impostos e progredir e tem sua família e necessita
alimentar seus filhos, provavelmente não dispõe de tempo para se dirigir à
capital do Estado e promover atos de vandalismo.
E os órgãos de segurança pública? E o governo do Distrito Federal?
E as forças militares? E a Constituição Federal? Atacar o Supremo Tribunal
Federal, abaixar as calças e fazer xixi em cima de uma mesa, roubar togas,
arrebentar cadeiras e vidros, é exercício de liberdade individual, coletiva e
democrática?
É estarrecedor!
O Brasil merece isto? O pavilhão nacional pode acobertar atos
de vandalismo?
É estarrecedor!
Continuamos copiando dos Estados Unidos o que é de mais torpe
e ruim (invasão do Capitólio: (des) Governo Trump)?
É estarrecedor!
Em que nossos eventuais líderes se diferenciam de outros que
saqueiam, matam, encarceram, quebram, vociferam, só para manterem-se no poder?
É estarrecedor!
Éramos o país do futebol, das praias, do samba triste e
romântico, do espírito afável e acolhedor, dos poetas, do futuro, do alto
índice civilizatório: tudo mentira?
Tudo mentira. Em nosso inconsciente há uma camada grossa de
neurose e psicopatia. Somos um país triste e possuído.
É estarrecedor!
As caretas dos manifestantes são próprias dos filmes de “poltergeist”,
dos fenômenos sobrenaturais, caracterizados por manifestações de espíritos diabólicos,
em que os seres humanos viram objeto, “cavalos”, incorporando seres estranhos,
com o senho contraído, os lábios deformados, os olhos vermelhos!
Olham-se em algum espelho e enxergam a deformidade de que estão
endemoniados? O que somos, agora? Isso!
É estarrecedor!
(com a licença de Castro Alves, em Navio Negreiro)
“Existe um povo que a bandeira empresta
Pra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! Meu Deus! Mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto!...
Auriverde pendão da minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...
Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia de mais!...Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! Arranca esse pendão dos ares!
Colombo! Fecha a porta dos teus mares!”
Crédito imagem: O Estado de São Paulo
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