Por Carlos Roberto Husek, professor de Direito Internacional
da PUC/SP e um dos coordenadores da ODIP – Oficina de Direito Internacional
Público e Privado
Regar uma planta,
na árida terra,
faz vir ao mundo,
a flor que a encerra.
“Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os
homens se libertam em comunhão.” (Paulo Freire)
“Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido
é ser opressor.” (Paulo Freire)
É necessário aguar, borrifar, irrigar nossas intenções em
cada vaso que constitui o nosso mundo, individual e coletivamente.
Diante de uma estéril sociedade, amorfa e despersonalizada,
que elege seus líderes em face do tamanho de suas mandíbulas e dos dardos
venenosos que jogam nos discursos de ocasião, e das bravatas que disseminam em
ambiente árido e desértico, de luz e de sensibilidade, quase impossível
cultivar a compreensão, a amizade, o amor.
Rega-se a terra com balas, canhões, bombas e ódio; daí nasce
o caos, a fumaça, o sangue, a insensatez, e cada vez mais apostamos na
escuridão e entregamos nossas vidas nas mãos dos usurpadores que avocam para si
todas as virtudes humanas.
Não é isso que representam certos líderes atuais? Não digo os
nomes; recuso-me a nomeá-los. Todos sabem quem são: os que provocam fanatismo, os
que se arvoram donos da verdade, os que denigrem as instituições, os que não
dialogam com a ciência, os que se elegem eliminando inimigos e prorrogando os
próprios mandatos, os que desejam um busto em praça pública, os que dão
medalhas aos próprios familiares e amigos, os que incentivam as armas e
desfilam de uniforme sobre cavalos e canhões, os que não desejam educadores e
fazem vistas grossas para o diálogo, os que somente favorecem os apaniguados e
querem subserviência total.
Enfim, de quantos líderes assim, o mundo está repleto!
É necessário regar a planta do saber e da cooperação e da
sensibilidade.