quarta-feira, fevereiro 05, 2025

Mania Lupina ou...

 


Por Carlos Roberto Husek, professor de Direito Internacional da PUC/SP e um dos coordenadores da ODIP – Oficina de Direito Internacional Público e Privado


No prefácio do livro “O Reino deste Mundo”, de Alejo Carpentier, escreveu este, citando a obra “Os Trabalhos de Persiles e Sigismunda” – “...Entender-se-á com isso de se transformarem em lobos que existe uma enfermidade à qual os médicos chamam mania lupina...” 

Quem possui essa enfermidade quer sair à noite, pensa transformar-se em lobo, buscar sepulturas, uivar, vociferar. Acho, na verdade, que não é o caso de alguns presidentes eleitos e/ou que desejem, em futuro não distante, se elegerem, embora ajam na sombra e quando descobertos venham a mostrar a verdadeira face, peluda e animalesca.

Talvez fosse o caso de narcisismo, em que a libido e o eu confundem-se, em determinados momentos: “eu sou grande”, “eu sou bonito”, “eu me amo”. “eu me admiro”.

Elisabeth Roudinesco, em seu “Dicionário de Psicanálise”, esclarece, no item sobre “Narcisismo” que: “Desde sua chegada ao poder, Adolf Hitler (1889-1945) aplicou a doutrina nacional-socialista (ou nazismo), da qual um dos objetivos principais era a eliminação de todos os judeus da Europa como ´raça inferior`. Do mesmo modo, ele procurava livrar-se das demais ´raças inferiores`, de todos os homens considerados ´tarados` ou incômodos para o corpo social. Assim, a homossexualidade e a loucura foram tratadas pelo nacional-socialismo como equivalentes da judeidade, tudo isso com base na teoria da hereditariedade-degenerescência.” (Jorge Zahar Editor, 1988, p. 533).

Guardados os devidos fatos e proporções, para alguns, os pretos, homossexuais, palestinos, latino-americanos, imigrantes e outros (cada classe dominante e em cada país tem sua lista), são indesejáveis para constituir a pureza da nação e da raça. Também, não sei se seria o caso, mas existem semelhanças, com o que acontece no mundo atual com alguns líderes que desenvolvem uma comunicação misógina, racista, exclusivista e anticientífica de domínio!

O rei, no entanto, pode estar nu!

Vejo-os a todos - os semelhantes, e muitos os há -, sentados em seus tronos, cercados de vassalos e cobertos de tesouro, mas nus!

Lobos solitários e que, em alguns momentos, olham-se no espelho admirados da própria imagem e que tomam a resolução, assim que acordam, de conquistar o mundo.

O mundo do dinheiro em torno desses pobres conquistadores garantem todas as ilusões, enquanto eles próprios com o exercício do poder garantirem o espaço para esse mesmo mundo. 

Quem afinal domina quem?

Existem muitos lobos e narcisos escondidos nos travesseiros de suas próprias camas, que ao despertarem uivam e dançam diante da própria imagem, mas não enxergam o deserto em que se encontram, só vislumbram o oásis inexistente. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário