por Carlos Roberto Husek, professor de Direito internacional
da PUC/Sp e um dos coordenadores da ODIP – Oficina de Direito Internacional
Público e Privado.
Não sei responder a essa pergunta. Talvez todas as cores; um caleidoscópio.
Todas as vivências, todos os pensamentos, todos os diálogos, todas interações,
todos os eventos, todas as falas, todos argumentos, todos os votos, todas as
instituições, todos artigos da Constituição Federal!
Quem pode se apropriar de algumas cores, comuns a todos?
Quem pode se apropriar da Constituição Federal, para escudo
próprio?
Quem pode se apropriar da alma de cada um e da alma coletiva?
A Esquerda, certamente, não.
A Direita, certamente, não.
Tenho certo medo de uma turba, aglomeração que vai e vai e
vai e vai e vai e vai, para onde?
Busco não pertencer a grupos disformes, a nenhum grupo, quer
ele seja vermelho, amarelo, verde, roxo, mesmo porque, no fundo, no fundo, o grupo
é sempre cinza.
Pensar e ponderar, não faz mal a ninguém. Bom, talvez eu
esteja errado. O mundo mudou!
Matar e roubar são crimes, sem dúvida; são pecados, em
qualquer doutrina religiosa, digna desse nome, sem dúvida, exceção feita se
justificáveis. O argumento é tudo.
Não nos parece, no mundo evoluído de hoje, que a substância
dos fatos e das coisas são determinantes, porque tem maior valia a forma;
sempre foi assim!? O século XXI, não é o “Das Luzes”, mas o é da tecnologia,
que socialmente não nos ajudou em nada; só tornou mais célere os mandos e os
desmandos. O raciocínio, a percepção dos fatos, a empatia, o sentimento de
brandura, a consciência de saber que não se sabe tudo, parece que se desvaneceu
no tempo, ou está em latência, na espera de ser redescoberto.
A quem interessa a democratização do ensino?
A quem interessa que os livros falem, por si?
A quem interessa que os privilégios sejam diminuídos e as
vantagens igualizadas?
A nossa enfermiça América Latina, não consegue sair de seu estado
doentio. Há sempre a necessidade de um caudilho, não importa a ideologia,
porquanto no poder, não há bengala branca que consiga desviar dos buracos e não
faça tropeçar nas elevações do terreno, e todas as bengalas são iguais.
O sol nos cega. Precisamos de óculos escuros!
Pertencemos, agora e sempre, a uma tribo, e há tribos
inimigas por todos os lados.
Quisera poder respirar, falar, olhar, pensar, agir,
mas...isso parece cada vez mais distante: a saga colérica dos contrafeitos às
suas particulares ideias está pronta sempre para em um golpe certeiro de
tacape, fazer esboroar e espalhar-se pelo deserto o cérebro de cada um.
Ao vencedor as batatas!
A civilidade está na aparência. A civilização está nessa
civilidade.
É uma tinta! Vamos colorir tudo, de azul, de vermelho, de
amarelo, de verde, de laranja. É bom que seja assim; afinal é o que nos une, e
é tão pouco, que o Criador, se ainda existe, não ficará admoestado. Tudo é
disfarce e fantasia.
“De que vale essa cor fingida,
No meu cabelo e no meu rosto,
Se tudo é tinta,
O mundo, a vida,
A felicidade, o desgosto.” Cecília Meireles.
Hoje estou
de branco, que pode ser de regozijo, de acordo com nossos costumes ocidentais,
como o preto é a vestimenta do júbilo para outros povos.
A
relatividade das cores, está em consonância com a relatividade dos sentimentos.
Qual a cor
da Democracia?
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