Por Carlos Roberto Husek, professor de Direito Internacional
da PUC/SP e um dos coordenadores da ODIP – Oficina de Direito Internacional
Público e Privado
“Os acontecimentos me aborrecem, são a espuma das
coisas, o mar é o que me interessa.” (Albert Camus)
Para saber se a eleição na Venezuela foi ou não fraudada,
haveria necessidade de verificar atas e os atos formais da eleição!?
Espumas.
Nicolás Maduro é um ditador, que controla o parlamento, a
magistratura, o exército, e todos os órgãos públicos. Deixou formalmente
acontecerem as eleições, sob suas vistas e sob seu total controle.
Espumas.
Perseguiu opositores, prendeu oposicionistas, não permitiu a
divulgação plena de suas pautas, terminou a apuração dos votos antes de seu
efetivo final, controlou os apuradores e a divulgação, mas foi eleito em
eleições formalmente livres.
Espumas.
O Brasil e o mundo estão cansados de saber, Nicolás Maduro é
um ditador sul-americano, que controla a tudo e a todos e ainda faz pouco caso
da comunidade internacional, só querendo afagos e aplausos de outros ditadores
e de candidatos a tiranos, e de eventuais aliados, não se importando com a
opinião mundial nem com os órgãos internacionais, e muito menos com o Mercosul.
É incrível como a ideologia, esquerda ou direita, têm pouco a
ver com tudo isso, revelam-se somente como caminhos de tomada do poder, porque
os ditadores não possuem cor, somente se atrelam ao poder.
Maduro é da esquerda? Não, é simplesmente um ditador.
Vivemos em um mundo de espumas, que não revelam o mar e a sua
profundidade.
O Brasil ainda observa?! Observa o quê? Sofremos tentativa de
golpe em 8 de janeiro, alguém se lembra? E, agora, hesitamos, desconstruímos as
narrativas, para entender que tudo que acontece no país vizinho (fome, economia
sem rumo, falta de instrução, instituições falidas, inexistência de diálogo e
democracia, golpes de Estado a cada suposta eleição, perseguições políticas) pode
ser normal!
A diplomacia tem suas próprias regras e suaviza os acontecimentos,
mas tem limites e/ou modos de condenar ações contrárias à democracia e aos
direitos humanos, sem abrir frentes de batalha: questão de habilidade e
inteligência.
As eleições na Venezuela não tiveram nada de grave?! A
ideologia justifica?
Os perdedores da eleição, se insatisfeitos, podem apelar para
o Judiciário? Um Judiciários independente e isento, não subordinado a Maduro?
Espumas.
O povo venezuelano necessita tomar calmantes diários (se
tiver água potável), para aguentar.
Espumas.
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