quinta-feira, março 07, 2013

Hugo Chaves e a Morte






A morte de qualquer pessoa sempre é ruím e sempre deve vir cercada de pesares, de orações (se for o caso), de reflexões sobre a vida, senão de forma pública, nos recônditos da alma de cada um. No caso de Chaves, só não achamos possível torná-lo herói de um povo, de um país, apesar da comoção nacional de seus conterrâneos. Maduro (vice-presidente) parece incorporar a loucura de pensar que os norteamericanos são culpados pelo cancer que acometeu o ditador. 

A verdade é que se Hugo Chaves pensou nos mais pobres, e de certa forma o fez, buscando melhorar a vida dos menos favorecidos no seu país,  também embarcou numa guerra contra moinhos de vento, brandindo a espada contra monstros indistintos, sempre disposto a luta. Respeitam-se as idéias e a vida de quem conquistou uma certa notoriedade no seu território, perante o seu povo e administrou com mão de ferro a máquina do Estado, embora, para nós, a administração pública deve vir informada por regras democráticas, imprensa livre, equilíbrio, contenção de ânimos, pragmaticidade econômica, respeito ao sistema jurídico e ao Judiciário, inserção no mundo internacional e afastamento ao perigoso culto à personalidade. 

O tempo dirá - não nos arriscamos - se Hugo Chaves, no conjunto de suas ações, fez realmente bem ao seu povo?! Gostaríamos de ver uma América Latina cônscia de sua importância; disposta a melhorar a vida de seu povo, sem jactâncias (arrogâncias), com políticos (líderes), que  não elegessem gurus para o bem e para o mal. EUA, Cuba, Raú Castro, Obama,  para ficar somente neste binômio neurótico dos que são favoráveis a uns e a outros, impunhando bandeiras e palavras de ordem, não merecem que nos ajoelhemos em total devoção. 

O mundo moderno não deve ser o mundo do culto indiscriminado e dos altares ideológicos. Precisamos respirar a vida e tirar dos fatos e das pessoas, o que possam ter de melhor para a nossa evolução, como povo, nação desenvolvida e Estado soberano. 

Que Hugo Chaves seja homenageado como homem que esteve à frente de seu povo, durante algumas décadas (com os erros e os acertos possíveis). 

Que se homenageie Obama; que se homenageie Fernando Henrique; que se homenageie Lula, que se homenageiem Raúl e Fidel Castro, nos mesmos termos.

Endeusá-los? Jamais

Carlos Roberto Husek.

















   

Um comentário:

  1. O perigo que se divisa, penso eu, corroborando as palavras do mestre, é que o mito supere o homem após a sua morte e surja um novo peronismo - ou até mesmo, se a conjuntura for adequada, maoísmo.
    Que Rousseau não nos ouça, mas a religião civil que ele tanto pregava peca justamente pela falta de abstração e de poesia. Justamente por endeusar a aleivosia humana.
    Fernanda Abreu.

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