Por
Carlos Roberto Husek, professor de Direito Internacional da PUC de S/P e um dos
coordenadores da ODIP – Oficina de Direito Internacional Público e Privado
1.Um
operário,
desses, de
macacão sujo
e marmita,
assim é, como me sinto
na hora
solitária,
em que trabalho
na escrita.
2.Vou
desbastando,
desbastando,
a letra e a palavra,
a ideia vai surgindo,
e cresce, e se constrói,
e se destrói e lavra.
3.O branco
puro do papel,
e da tela,
perfurando o vazio,
a que se
atrela.
uma palavra aqui,
outra,
acolá,
quem sabe, no
que vai dar!
4.Não faço
barulho,
e noite adentro,
vou juntando
pedaços,
histórias que invento,
advindas do
meu cansaço.
5.Paro e
olho pela janela,
olhar
esticado e profundo,
deixo ferver
na panela,
meus sentimentos
do mundo.
6.E quando
já madrugada,
sinto as pálpebras pesadas,
guardo a
caneta e o papel,
na minha maleta de nada.
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É um
trabalho insano,
que produz, de tudo
e por vezes,
não produz,
não falo, fico mudo,
pregado
nesta cruz.
Também, o
ofício jurídico,
não é só
consulta,
não é só leitura,
a
criatividade faz parte
dessa abençoada loucura!
Nossa
matéria é o Direito,
Interno e internacional,
o
contrato que é aceito,
o tratado, a que se dá aval.
E
assim vamos garimpando,
entre
a teoria e a interpretação,
a
letra da lei diz pouco,
vale mais a intenção.
O
Estado, a política, a soberania,
e
as líquidas fronteiras,
o que nos salva é a Diplomacia,
das
administrativas besteiras.
A
ciência jurídica aí está,
há
para os fatos, alguma solução,
e à
estátua do Direito: fala Pietá!
Cria
vida na jurisdição!
Parodiando
Bilac....
E
os amigos dirão: ouvir o Direito,
- Por certo perdeste o senso!
E
eu vos direi, no entanto,
- Que abro os livros,
cheio
de espanto.
- e
que sentido tem, o que dizem,
quando
estão contigo?
- amai, para bem ouvir,
porque
só quem ama,
pode ter ouvidos,
para
com eles interagir!