quarta-feira, março 15, 2023

Amigos da ODIP: um pouco de poesia aos operários da palavra

 


Por Carlos Roberto Husek, professor de Direito Internacional da PUC de S/P e um dos coordenadores da ODIP – Oficina de Direito Internacional Público e Privado

 

1.Um operário,

desses, de macacão sujo

e marmita,

  assim é, como me sinto

na hora solitária,

            em que trabalho

na escrita.

 

2.Vou desbastando,

                 desbastando,

 a letra e a palavra,

      a ideia vai surgindo,

 e cresce, e se constrói,

       e se destrói e lavra.

 

3.O branco puro do papel,

e da tela,

           perfurando o vazio,

a que se atrela.

            uma palavra aqui,

outra, acolá,

quem sabe, no que vai dar!

 

4.Não faço barulho,

                  e noite adentro,

vou juntando pedaços,

        histórias que invento,

advindas do meu cansaço.

      

5.Paro e olho pela janela,

olhar esticado e profundo,

deixo ferver na panela,

            meus sentimentos

do mundo.

 

6.E quando já madrugada,

    sinto as pálpebras pesadas,

guardo a caneta e o papel,

    na minha maleta de nada.

.............................................

 

É um trabalho insano,

            que produz, de tudo

e por vezes, não produz,

            não falo, fico mudo,

pregado nesta cruz.

 

Também, o ofício jurídico,

não é só consulta,

                          não é só leitura,

a criatividade faz parte

          dessa abençoada loucura!

 

Nossa matéria é o Direito,

             Interno e internacional,

o contrato que é aceito,

        o tratado, a que se dá aval.

 

E assim vamos garimpando,

entre a teoria e a interpretação,

a letra da lei diz pouco,

                  vale mais a intenção.

 

O Estado, a política, a soberania,

e as líquidas fronteiras,

 o que nos salva é a Diplomacia,

das administrativas besteiras.

 

A ciência jurídica aí está,

há para os fatos, alguma solução,

e à estátua do Direito: fala Pietá!

Cria vida na jurisdição!

 

Parodiando Bilac....

 

E os amigos dirão: ouvir o Direito,

 - Por certo perdeste o senso!

E eu vos direi, no entanto,

                        - Que abro os livros,

cheio de espanto.

- e que sentido tem, o que dizem,

quando estão contigo?

                  - amai, para bem ouvir,

porque só quem ama,

                             pode ter ouvidos,

para com eles interagir!