Por Carlos Roberto Husek
Professor de Direito Internacional da PUC/SP
E um dos coordenadores da ODIP – Oficina de Direito
Internacional Público e Privado
Não há dúvida que estamos passando uma época de crise; crise
da natureza, a crise da cultura e da educação, a crise dos relacionamentos, a
crise da segurança, a crise Democracia, para não dizer de outras crises, que
abalam nossas convicções, principalmente para aqueles que nasceram entre 1950 e
1970, quando tudo parecia mais fixo e alguns valores plenamente estabelecidos.
A natureza revelou-se tresloucada, lugares de frio intenso tornaram-se quentes, as geleiras derretem, as matas pegam fogo, a chuva afunda cidades inteiras, o mar se revolta, os plásticos boiam em maiores quantidades do que nadam os peixes, que acabam morrendo, os tubarões e baleias alcançam as praias.
A crise da cultura, ainda é pior. Aqueles que estão à frente da Educação e da Cultura, nos últimos tempo são os mais incultos e deseducados, todos a serviço de desígnios inconfessados de manutenção dos que estão no poder, poder este que não é alcançado pelos melhores da sociedade, ou por aqueles que tenham algo a propor e a dizer, e sim, por escórias, que de repente se viram alçados a posições de comando.
Os que representam a cultura, andam com
armas na cintura – a cultura da arma – e desprezam qualquer resquício de
intelectualidade de manifestação artística, de raciocínio. A Educação, que
deveria andar a par com a Cultura – e de certa forma tem andado, para o mal –
ignoram os maiores do ensino e dos livros, em nome de ideologias e simpatias, e
elevam ao altar da sabedoria, homens de lata, vazios; que sequer têm passado e
currículo ligado ao magistério à instrução: usam palavras e expressões não
condizentes, rudes, eivadas de preconceitos, fazem pouco caso das instituições,
não preservam a história, não têm um olhar para a diversidade, são ávidos por
dinheiro e posições de poder, de domínio, a ponto – passado recente – de
apresentarem falsos documentos de possíveis conquistas acadêmicas, só para
ganhar um assento no governo. A Educação ficou no lixo, assim como a Cultura,
de onde saem os miasmas fétidos que encobrem todo sistema de aprendizado e de
transmissão cultural.
Os relacionamentos sofrem; pessoais, interpessoais, sociais, institucionais, políticos, econômicos: todos, reféns da miséria espiritual que assola nossa sociedade.
A segurança, ora denominada, nas famílias assustadas, de insegurança, caracteriza-se por matar, sequestrar, roubar. E para os quadros das “chamadas forças de segurança” entram muitas pessoas despreparadas, fruto da despreparação geral.
A Democracia...a Democracia...a Democracia, onde está a Democracia? Ajun Appadurai (Livro: A Grande depressão – um debate internacional sobre os novos populismos – e como enfrentá-los, Estação Liberdade, 2017, Organização de Heinrich Geiselberger), explicita: “A pergunta central da nossa época é se estaríamos testemunhando a rejeição mundial da democracia liberal e sua substituição por uma espécie de autoritarismo populista... (...) Os líderes que ascenderam nos novos movimentos populistas têm estilos tipicamente xenófobos, patriarcais e autoritários...(...) Os novos líderes populistas reconhecem que almejam a liderança nacional em uma época em que a soberania nacional está em crise. O sintoma mais impressionante dessa crise de soberania é que nenhum Estado-nação moderno controla sua economia nacional, como poderíamos chamá-la. É um problema tanto para as mais ricas como as mais pobres das nações.”
Época pobre, em todos os sentidos. Resta a esperança de que após a crise, venha a iluminação!
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