quarta-feira, abril 06, 2022

Fazer versos é o que resta?

 
O que resta para o brasileiro,
algo velho ou algo novo!
e um monte de desconhecidos
sem lastros, distantes do povo.
 
Um Presidente, que não preside,
beneficiando amigos e amores,
soldado de si mesmo
de suas milícias e pastores.
 
Populistas que sonham alto,
dentro de quatro linhas,
tomando de assalto,
ideias peregrinas.
 
Ex-combatentes da corrupção,
para ministérios bandeados,
no mistério da administração,
de joelhos e acocorados.
 
E a convivência com ministros,
deseducados da educação,
e outros mais que vieram,
na mesma retórica lição.
 
Na bíblia as próprias fotos,
impensável e surpreendente ato,  
como se coautores fossem
do milenar livro sagrado.
 
E um tempo em que se comemora
a tortura e a falta de liberdade,
como um progresso democrático,
de uma sofrida sociedade.
 
E a ironia de vocábulos alucinógenos
a presos do regime: insensível burrice,
nos comentários jocosos,
representativos de uma sandice.
 
É desanimador, é um destempo,
Rui, estou em decomposição!
“de tanto ver triunfar as nulidades”
de nossa adormecida nação!
 
 
Há esperança? A dúvida é dolorosa,
precisamos de uma sexta via,
nem vermelha, nem preta, nem rosa,
ou será apenas melancolia?
 
Bastaria um dedinho de sinceridade,
e a crença de que o ser humano existe
neste campo minado da iniquidade,
em que tudo é sombrio e triste.
 
No século de tantos ditadores,
e outros que desejam caminhos iguais,
só vejo espinhos e não flores,
nos discursos sepulcrais.
 
Lanço aqui os meus versos,
uma oração de desespero,
ficarão, eu sei, dispersos,
neste meu lírico destempero.
 

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