terça-feira, outubro 09, 2012

Uma bomba difícil de ser desarmada


Não é de agora que o mundo vive uma situação explosiva na região da Síria, mas se antes as coisas ficavam dentro de uma possibilidade de convivência, agora há uma contagem regressiva para que se concretize uma situação política irreversível, como a paralização da OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte, que não pode defender um seu membro, a Turquia, atacada pela Síria, em virtude de vários problemas: recursos financeiros escassos; não-unanimidade pdos seus membros em relação às ações que podem ser encetadas; posição dúbia dos países estrategicamente importantes; EUA preocupados mais com suas eleições internas do que os problemas internacionais; Rússia manifestando-se contrária a qualquer intervenção militar na Síria; proposta de solução negociada, pelo Secretário-geral da entidade, sem definir com exatidão os passos para tanto. 

Também em jogo a soberania da Síria e o desrespeito diuturno dos direitos humanos, os interesses econômicos na região, o desinteresse da França e da Grã-Bretanha em aventurarem-se no conflito, com eventual intervenção militar que, mesmo vitoriosa, trará desdobramentos institucionais posteriores de manutenção da Síria independente e legitimar um governo com apoio do povo. 

Não se olvide o vácuo de decisões internacionais prestigiando a negociação e a paz, criativas e inteligentes e o possível preenchimento desse vácuo por forças radicais que derrubariam o governo de Assad, estabelecendo não domínio não desejado pelo Ocidente. Enfim, não sei se a figura correta é a de uma bomba em processo de consumação ou o de uma doença crônica que se espalha pelo Oriente Médio, com vários pontos de alimentação, sem que saibamos o que resultará disso tudo. 

Não se trata de simples antagonismo na maneira de ver o mundo (nós e eles), é muito mais que isso. Um fosso entre valores fundamentais e a globalização de interesses econômicos e de hegemonia política regional que não faz concessão a qualquer espécie de diálogo que deixe de por na pauta das eventuais conversações, de forma clara, estas matérias básicas. Será que nossas instituições internacionais estão preparadas para contornar e eventualmente dar solução, ainda que temporária a tais conflitos? Vamos raciocinar. 

Carlos Roberto Husek.

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